Águas Amazônicas
Segundo o próprio artista as imagens que se apropria/percebe antes de serem exibidas passam por manipulação digital. Depois são expostas em plataformas como Instagram, Facebook e em seu site. O aspecto deambulatório da obra é óbvio. Como um flanêur, Maxi utiliza seu celular quando caminha por Manaus, Parintins, Boa Vista do Ramos e descobre outros recônditos amazônicos. Captura imagens que contrastam a cidade e a floresta e as usa como ponto de partida. Interessante é o resultado final das obras, que longe do já esperado lugar comum da paisagem natural, traz outras possibilidades, outras camadas, outros mundos.
Como se os mitos que fazem parte do cotidiano de qualquer amazônida interferissem diretamente nas fotos e trouxessem essa proximidade do sobrenatural, das visagens. Um convite para mergulhar nas profundezas do rio, como na obra Rio Negro. O ciclo das águas e a água como elemento, a partir da sua visualidade e a importância que ela tem na determinação da vida na Amazônia é permanente fonte reflexão. A paisagem urbana como pintura e os igarapés nem sempre limpos percebidos pelo artista. Os períodos de chuva e estiagem, cheia e seca interferem na rotina dos ribeirinhos e dos habitantes das cidades amazônicas de maneira contundente. Acabam por determinar aspectos culturais, fazeres e saberes. Determinam o modo como se relaciona com essa natureza.
O espelhamento de determinadas fotos, assim como os efeitos de kaleydoscópio sugerem outros mundos, ou portais por onde pode-se passar e entrar em outra dimensão desse universo do artista, como nas obras Igarapé, Rio Amazonas e Encontro. O Instagram e o site funcionam como diários para registrar e expor o resultado de seus pensamentos. A arte digital/virtual permite o suporte para que o artista possa se conectar com as pessoas através de plataformas virtuais. A produção está interligada por aplicativos, plataformas e usuários que visualizam os trabalhos podem dialogar com o artista, isso gera proximidade da arte com o público-usuário.
Com certeza é um artista que está traçando um caminho alvissareiro e que promete muito êxito. Seu olhar é único a partir da Amazônia. São as Amazônias de Maxi Rodrigues. O artista, o seu olhar e seu fazer, fazem da sua Amazônia o mote principal.
Turenko Beça
2021
