O artista visual Maximilian Rodrigues apresenta a situação na série Resquícios (2021).
Na cidade de Manaus, capital do Amazonas, o artista realizou caminhadas
fotografando Igarapés que sofrem os impactos da urbanização sem
limites, sem consciência. Os afluentes que nascem na mata e deságuam
no rio carregam consigo o acúmulo de lixo jogado, que revela a forma de
vida predatória no século 21. Durante toda a existência na Terra, os seres
humanos deixaram marcas de sua presença por onde passaram. Objetos de
estudos arqueológicos, os fragmentos preservados auxiliam na compreensão
do modo de vida e dos hábitos de uma época.
A partir da obra de Maximilian Rodrigues, é possível refletir sobre a leitura
que será feita pelas novas gerações a partir da quantidade de resíduos
abandonados na natureza de forma irresponsável. A intervenção digital que
o artista aplica ao espaço conduz ao questionamento sobre as intromissões
humanas na natureza. Pensadas a partir de uma imagem base, distorções,
repetições e apagamentos visualizados podem ser traduzidos na forma
como a Amazônia tem sido tratada pelas instituições governamentais, pela
sociedade e pelos seres humanos. O deslocamento ao longo do Igarapé
clama pelo cuidado com o espaço.
Nilza Colombo